sexta-feira, 17 de julho de 2009

O anel

Ela pega a chave, abre a porta e se depara com ele sentado no sofá. Ele a vê e diz - Oi, chegou tarde! - recebe-a com um abraço. Ela retribue o gesto e esboça um sorriso singelo. Vai andando para o quarto começa a tirar o casaco, desabotoa a calça e tira as botas. Ele a segue e continua tentando travar um diálogo.
Ela pára e olha parede repleta de fotografias, seus olhos enchem de lágrimas. As lágrimas rolam pelo seu rosto teimosamente, sua respiração passa a ficar entrecortada e ela se larga em cima da cama. Ele vê o desespero dela e corre em sua direção. -Shhhh... eu tô aqui,- pegando-a no colo - não precisa ficar assim, não importa o que aconteceu vai ficar tudo bem. consolada ela seca os olhos e respira fundo.
Ela começa a rir um riso histérico e ele lança- um olhar de confusão e curiosidade diante de tal mudança. -Não me olha assim. -diz ela- eu não tô doida! Só que a última gota de esperança se esvaiu hoje.
-Como? Não entendi! exclama ele. ela o corta gritando - VOCÊ NUNCA ENTENDE! Você acha tudo muito fácil, interpreta tudo como se fosse superficial, mas não é assim. A gente passou muito tempo apoiando um ao outro nos bons e maus momentos.
Desconfiado que algo não estava certo, escorrega as mãos pelo ombro dela até chegar as mãos, ao olhar percebe que falta algo. - Cadê o anel?-pergunta olhando para a marca no dedo dela. -Perdi. responde séria sem olhar para ele.
-Como você perdeu?
-Perdendo, oras! resmunga.
-Como você pôde perder?
-Realmente importa pra você? Você nem anda mais com o seu.
-Nada a ver. responde chateado.
-Tudo a ver, você não pode me cobrar algo se você fez o mesmo. Eu cansei.. Existem momentos em que devemos desvalorizar quando nos sentimos desvalorizados.
Irritado ele levanta da cama e coloca as mãos na cabeça e anda pelo quarto. Ela se levanta e o abraça pelas costas, automaticamente repelida pela frieza perceptível na reação dele. - Afinal, o que você quer? pergunta ele saindo do sério.
-Que você abra os olhos e veja que existe um abismo monstruoso entre nós, que você mesmo criou com sua ausência. NÃO! Não está nada bem. explica ela. Ele a fuzila com olhar de raiva e decepção, ela sente um arrepio sombrio percorrer a espinha, mas sabe que será melhor assim.
-Sabe, quando eu te dei o anel? Eu acreditava que nossa amizade seria sempre como estava sendo, mas você mudou tragicamente e eu não sei como agir diante disso tudo. diz ela.
-Eu nunca achei que fosse chegar a esse ponto... desabafa ele.
- Eu me sinto uma muleta na sua vida. Tenta entender meu lado, você se esquece de mim como se esquecesse de uma borracha.
Ele a olha boquiaberto e como se tivesse levado um tapa sem mão se senta na cama. Ela observa a expressão facial dele e se aproxima pegando o rosto dele entre as mãos e em sinal de carinho beija sua testa.
-Nós mudamos, só isso. Isso tudo não significa que eu te odeie ou algo do tipo, só que não dá mais pra mim. Cada um deve seguir seu caminho. tenta se justificar.
- Você é RIDÍCULA! Me chama pra fazer um discurssinho medíocre desse, com a desculpa de colocar um fim na nossa amizade. estoura ele.
- Você é extremamente cabeça dura, se acha tão ruim o fim de tudo, por que não muda? rebate ela.
O silêncio toma conta do quarto eles trocam olhares irradiando todo tipo de emoção. Então ela decide quebrar o ar gélido. -Deixa as chaves antes de ir. diz séria
Ele passeia com o olhar perdido por todo quarto, retira as mãos dela do seu rosto se levanta e a abraça. Uma sensação de segurança percorre todo o corpo dela, como a muito tempo não sentia. Ele abre a boca esboçando uma frase e a fecha novamente -Bom eu já vou, a gente se fala. diz finalmente. -Isso só vai depender de você. resmunga ela. Ele a beija na testa e sai pela porta do quarto, ela espera e escuta a batida raivosa da porta retira o anel do bolso da calça e pensa "será melhor assim, você é mais forte que eu." Abre a gaveta do craido mudo e sacode o anel dentro, fechando a gaveta com uma batida forte.

sábado, 11 de julho de 2009

Universidade Pública: Pra quem?

As universidades públicas tornam-se cada vez mais um centro irradiador do conhecimento. De onde saem grandes profissionais que elevam intelectualmente o país. Infelizmente não acessível para todos.
O processo selectivo para entrar em uma universidade pública, implantado no Brasil, tornou-se desleal e excludente. Com o decorrer do tempo o acesso ao ensino público superior aumentou mais a diferença social. Encontram-se nas universidades públicas, principalmente, estudantes de classe alta. Ocasionando a entrada, facilitada pelo governo, de pessoas de baixa renda ao ensino superior privado.
A alteração nas provas de adesão ao curso superior, imposta pelo Ministério da Educação e Cultura, provavelmente ocasionará mudanças nas escolas de ensino médio. A partir do momento em que o aluno é obrigado a entender o assunto da prova e não mais decorar.
A luta por ensino, seja ele fundamental ou superior, de qualidade sempre existiu e deve ser contínua. Para que possamos nos equivaler intelectualmente e economicamente às grandes potências mundiais.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...