domingo, 6 de setembro de 2009

Escalafobéticamente: Marquês de Sade

Contos Proibidos do Marquês de Sade


Título Original: Quills
Gênero: Drama

Origem/Ano: EUA/2000
Duração: 123 min
Direção: Philip Kaufman
Elenco:
Geoffrey Rush - Marquês de Sade

Kate Winslet - Madeleine
Joaquin Phoenix - Coulmier
Michael Caine - Royer-Collard
Billie Whitelaw - Madame LeClerc
Patrick Malahide - Delbene
Amelia Warner - Simone
Jane Menelaus - Renee Pelagie
Stephen Moyer - Prouix
Pauline McLynn - ...
Edward Tudor-Pole - ...

O vencedor do Oscar Geoffrey Rush (“Sunshine Brilhante”) interpreta o infame Marquês de Sade, que tem chocado geração após geração com seus escritos eróticos fortemente perseguidos e proibidos.
O papel principal de Rush tem o apoio de um fantástico elenco, incluindo a sedutora Kate Winslet (“Titanic”), o ator revelação Joaquim Phoenix (“Gladiador”) e o também vencedor do Oscar Michael Caine (“Regras da Vida”).
O filme conta a história do Marquês de Sade, que foi o criador do sadismo e adorava chicotear e torturar até a morte prostitutas desavisadas. Nascido em 1740 e morto em dezembro de 1814, Donatien Alphonse François estudou em um internato jesuíta e teve uma gloriosa carreira no exército francês. Mas foram seus escritos transgressores de conteúdos sexuais quase profanos que chocaram a sociedade.
Se você é do tipo que se enfurece quando Hollywood ignora o que aconteceu para recontar tudo de uma forma que faça sentido para as platéias, não vale a pena perder tempo com Contos Proibidos do Marquês de Sade (Quills, EUA-Alemanha-GB, 2000), dirigido por Philip Kaufman. Agora, se você acha que lugar de história é em documentários, e não em dramas, então há uma chance.
O marquês do filme, interpretado por Geoffrey Rush, é um artista enfurecido que se recusa a ficar calado. Internado num hospício aos cuidados do jovem religioso Coulmier (Joaquin Phoenix, em atuação impecável), empregado do doutor Royer-Collard (Michael Caine), o marquês vive feliz com a rotina da sua escrita e com sua libido sempre em alerta por causa da presença da jovem Madeleine (Kate Winslet), que contrabandeia os escritos para fora do asilo.
O resultado é uma bela encenação cinematográfica da máxima "a pena é mais poderosa do que a espada". A literatura do Marquês de Sade choca incomoda e, principalmente, fascina. O filme se passa na França pós-revolucionária de 1794, e a primeira seqüência é inesperada - principalmente se você espera um filme cheio de safadezas - e ao mesmo tempo em que é trágica, consegue ser sublime. O tom insano e esbugalhado de um artista louco e tarado dado ao marquês é uma das boas surpresas.

No filme, tal qual na época, os asilos e sanatórios eram governados e/ou mediados pelo Clero, já que se tratava de obra demoníaca tanta “possessão sexual”. O Padre do filme, tão bem interpretado por Joaquim Phoenix, um dos confidentes de Marquês, é tentado o tempo todo por ele no que se refere à Madeleine…
Necessário fazer destaque para Kate Winslet, que dificilmente sairá da memória do espectador numa seqüência de necrofilia, contracenando com Phoenix. Os famosos quilinhos a mais que costumam ser criticados pelos adeptos do estilo mulher-cabide caíram bem para um papel numa história de época. De mais a mais, atenção também aos trejeitos do piromaníaco.
É muito interessante notar como as perversões sexuais extrapolam o sexo em si, onde deveriam acontecer todas as fantasias tão desejadas, e vazam na vida de cada um como um duelo entre o Bem e o Mal da moralidade/imoralidade/amoralidade da época.
Para a decepção de muitos, Os Contos Proibidos do Marquês de Sade não é um filme com cenas carregadas de sexo e orgias - como era de se esperar de um filme sobre o marquês. É uma obra que narra à história de um artista que escreveu sobre relações carnais levadas às últimas conseqüências. É também um filme forte, violento, que fala sobre uma das formas mais abjetas de violência. A necessidade que alguns têm de calar pessoas que se expressam bem demais.

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